Publicidade

Gabriel García Márquez, o Gabo


05/dez/2013 | Anielle Casagrande | # #

livros-gabriel-garcia-gabo

Eu sou uma rata de biblioteca. Leio muito e sempre vários livros ao mesmo tempo. Analisando os livros que mais gostei, e especialmente autores, cheguei a conclusão que posso indicar sem temer Gabriel García Márquez, Jorge Amado e Nelson Rodrigues. Já fui viciada em George Orwell na adolescência também smile

Gabriel García Márquez, Nobel da Literatura de 1982, é meu autor favorito atualmente. Conheci os livros de Gabo em 2010, quando devorei quatro obras em uma micro telinha de iPhone 3GS, revezando com Machado de Assis. A paixão foi tanta que comprei até livros em espanhol em Barcelona sem falar espanhol! Meu favorito foi Do Amor e Outros Demônios, seguido por Amor Nos Tempos de Cólera. Todos os livros dele me deixaram encantada, mas este dois são especiais: é o poder do tal realismo mágico, com pitadas da cultura caribenha. São histórias que te prendem, porque além de muito bem escritas, tem sempre um toque mágico e misterioso, incluindo muitas lendas, demônios, simpatias e demais superstições. Fantástico do início ao fim.

Do amor e outros demônios

Quando Gabo foi encarregado de uma reportagem sobre remoção de criptas funerários em um convento em Bogotá, ele deparou-se com uma ossada de uma jovem com cabelos de 22 metros. No mesmo instante ele lembrou de uma lenda que sua avó sempre contava, sobre uma marquesinha caribenha tida como milagrosa, que havia morrido de raiva após ser mordida por um cachorro. Assim, ele decide escrever uma história sobre ela: Sierva Maria mora em uma pequena cidade portuária colombiana e apesar de ser filha de um marquês, cresceu entre os escravos negros. Assim, ela aprende diversos costumes dos africanos e até sua língua, sendo mais aceita por eles que pela própria família, que diz que ela possui “de branca apenas a cor”. Certo dia ela é mordida por um cão raivoso e acaba internada em um convento, pois acredita-se que ela esteja na verdade possuída por um demônio. Lá, ela acaba conhecendo também o amor. Este é sem dúvida meu favorito do Gabo!

“Não há nenhum remédio para curar o que a felicidade não cura.”

“Uma voz interior o fez ver quão longe tinha estado do diabo em suas insônias de latim e grego, nos êxtases da fé, nos ermos da pureza, enquanto ela convivia com todas as potências do amor livre na senzala dos escravos.”

Amor nos tempos de cólera

Este livro narra 53 anos na vida de Florentino e Firmina, que se conheceram ainda adolescentes e se apaixonaram trocando cartas sem jamais terem se tocado. Após o pai dela proibir o namoro ela casa com outro homem, mas ele jamais desiste de tê-la ao seu lado. Ele passa dias, noites, anos pensando em como ter sua amada novamente. No livro acompanhamos toda esta longa história de amor, sendo que praticamente não há contato entre os dois! Este livro, como o anterior, trata de assuntos como amor e morte, mas ainda aborda a velhice e o amor nesta fase.

“A menina levantou os olhos para ver quem estava passando pela janela, e aquele olhar casual foi o começo de um cataclismo de amor que meio século mais tarde ainda não tinha terminado.”

“O exame revelou que ele não tinha febre, nem dor em qualquer lugar, e que o seu único sentimento concreto era um desejo urgente de morrer. Bastou um perspicaz questionário para concluir mais uma vez que os sintomas de amor eram os mesmas que os da cólera.”

Recentemente fui apresentada à literatura de Mia Couto, escritor africano que escreve em português. Estou lendo A Confissão da Leoa (livro no topo na foto), mas já posso me declarar sua grande fã: assim como nos livros de Gabo, ele usa crendices, lendas e demais assuntos mágicos. Para nós no Brasil, este assunto não é tão estranho, já que crescemos ouvindo lendas sobre os mortos, simpatias, animais etc. Claro que cada país tem suas lendas, mas nos países com industrialização mais “atrasada” (como aqui, na África e no Caribe) temos mais contato com natureza e por isso toda essa fantasia. Quem nunca ouviu que cachorro vê espíritos e coisas assim?

De brinde vou contar para vocês que na Alemanha uma vez li um livro sobre pictogramas, se não me engano era apenas de placas de rua. No índice por países vi que havia apenas um pictograma brasileiro e adivinhem qual era? “Proibido macumba” com direito a explicações do que era macumba!

pictograma_macumba

# #

Publicidade
^