Um menino cabeludo

Hoje de manhã meu filho decidiu que finalmente queria cortar o cabelo. Levamos ele até o salão aqui perto de casa, onde ele explicou que queria cortar sentado em um carrinho. O jeito foi achar um salão com carrinho. Lá ele ficou super tranquilo, feliz com o corte. No final, até pediu para pintar o cabelo de azul com aquelas tintas spray que usam no carnaval. Acho que foi um dia inesquecível para ele! Tudo no seu tempo e respeitando sua vontade, já que o cabelo é dele. Uma coisa tão óbvia e tão simples. 

Nesse tempo todo de cabelo comprido, quase diariamente ouvimos que ele era “linda”, “uma princesa”, “muito fofa” etc. Ontem no shopping teve uma mulher muito educada que estava na dúvida e perguntou “qual o nome?” para não errar. Achei muito fofo. Mas ela foi a única em quase um ano. A maioria chamava no feminino mesmo, o que nunca foi problema para nós nem para ele. O que não deixa de ser curioso.

Mês passado um menino mais velho no parquinho ficou insistindo que ele era menina, porque tinha o cabelo comprido. A gente explicou que era um menino de cabelo comprido. O menino insistia que isso não era possível. Após muita insistência, meu marido mostrou o próprio cabelo comprido e o menino entendeu que até homens podem ter cabelo comprido. Mais um episódio curioso para a lista.

Hoje fiz ele dormir ouvindo Elton John e foi muito diferente ter um menininho de cabelos curtos nos meus braços e depois vê-lo dormir e não ser mais aquele bebezão de cabelos compridos. Está menos fofo e descabelado, e agora tem cara de hominho e até um corte e um penteado. Respeito sim que ele quis cortar o cabelo, mas que parte de mim está de luto, olha, está sim.