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“Não abrace muito seu filho”


01/abr/2021 | Anielle Casagrande |

Aposto que esse título deixou você chocado e era esse mesmo o objetivo. Fazer você sentir o choque que eu mesma tive quando ouvi essa instrução e tantas outras, quando meu bebê tinha só 2 meses. “Não pode amamentar deitada nem sentada com o bebê no colo, não pode deixar dormir no peito, não pode dormir abraçada, não pode usar sling nem canguru e não pode ficar abraçada: pode abraçar mas não muito”.

Por que diabos me instruíram tudo isso? Porque tive uma superprodução de leite e essas são algumas formas, além de compressas geladas e ordenhas de alívio, de tentar baixar a produção que faz o leite jorrar com tanta força que o bebê se afoga, faz um escândalo e não consegue mamar. Resumindo, são formas de controlar a prolactina e ocitocina (este segundo ironicamente chamado hormônio do amor, que de repente virou algo que eu deveria combater).

Num primeiro momento tentei seguir todas as instruções como se fossem regras, sem entender que eu devia apenas fazer o que conseguisse e fizesse sentido para mim, e não conseguia de jeito nenhum. Além de frustrada, me senti afastada do meu bebê nos primeiros dias. Foram dias horríveis até perceber como abraçar me fazia falta, agora que era proibido.

Então eu só queria saber de amamentar deitada ou sentada com ele no colo, virei a louca do canguru dentro de casa, queria dormir abraçada o tempo todo quando ele dormia (mesmo de dia!), queria ficar olhando ele dormir no peito e obviamente queria passar o dia abraçada. O calor na região do peito produz mais leite. Tudo isso produz mais leite. A médica disse pra não abraçar. Mas tem coisa mais gostosa? 

De repente me senti quebrando todas as regras mas extremamente feliz agarrada no meu bebê. Fazendo algo proibido em nome de uma série de abraços quentinhos. Sobre a superprodução de leite, decidi focar nas ordenhas e compressas geladas, que faziam mais sentido pra mim. E viva a ocitocina!


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