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Jantando fora sem criança


25/ago/2023 | Anielle Casagrande |

Ontem me deu um ataque e eu disse: chega! Vamos jantar fora! Nosso filho tem quase 3 anos e só saímos sem ele uma única vez nesse tempo todo, dois anos atrás. Ficar só cuidando de criança 24h deixa qualquer um maluco. Pedimos ajuda para a nossa babá, que já estava aqui mesmo porque fomos à terapeuta ocupacional no fim da tarde, e lá fomos nós. 

Jantamos sem criança, juro pra vocês. Olhamos o cardápio com calma. Conversamos com alguns fãs do meu marido. Comemos com calma. Pedimos sobremesa. Falamos sobre nosso dia. Tomei até uma cerveja gelada. Me matei de comer kimchi e edamame. Meu marido se afundou num lamen de alho negro. Ninguém ficou revirando o cardápio atrás de batata frita ou se lamentando porque não serviam nuggets e sorvete azul. 

Do nosso lado sentou um casal com uma menina da idade do Nico, que simplesmente não queria ficar sentada. Ficou metade do tempo andando pra lá e pra cá e metade escalando a mesa e a cadeira. No meio do jantar, pediu pão de queijo. A mãe saiu com ela e voltou um tempão depois com um saquinho de padaria cheio deles. Ela comia e chorava. A mãe ligou o celular. Ela assistia e chorava. Tudo isso enquanto a mãe tentava ler o cardápio e depois comer com uma mão só. 

Todos olhavam para a criança chorando e subindo na mesa, principalmente o pai, que parecia bem desconfortável mas também não fez nada para ajudar. A mãe seguia entretendo sozinha  a menina com uma mão e comendo com a outra, enquanto o pai olhava ao redor atento. 

Em algum momento nossos olhos se cruzaram e eu dei o meu melhor sorriso no estilo: fica susse, eu sei como é, o meu tem a mesma idade. Não é porque as pessoas ficam olhando ele “dar show” que eu vou parar de sair de casa com ele. Já sobre comer com uma mão só enquanto distrai uma criança pequena chorando, eu também conheço bem. Esse é o nosso “normal” faz anos, inclusive. 

Estranho mesmo foi esse nosso jantar sem criança, sem iPad, sem choro, sem correria, sem batata frita, sem dinossauros pela mesa. Bem diferente do nosso “normal”. Sabe que eu gostei?


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