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Barulho de criança


02/maio/2023 | Anielle Casagrande |

Estávamos num parquinho infantil de um prédio num fim de semana quando nosso bebê fez amizade com outro bebê. Juntos, correram e escalaram por tudo, entre gritinhos e risadinhas. Eu e meu marido ficamos observando, apaixonados! Como ele estava se divertindo! Era lindo de ver. Como ele é autista e um bebê da pandemia, a gente ainda se surpreende quando vê ele interagindo. 

Não era nem 18h quando uma mulher apareceu numa janela de apartamento mandando meu bebê calar a boca. Ficamos perplexos e gesticulamos “o que?” E ela mandou ele calar a boca mais uma vez. Vocês precisam concordar comigo que são tempos estranhos. 

São tempos estranhos quando bebês não podem brincar e rir num parquinho no fim de semana enquanto ainda tem sol lá fora. Bebês brincando! Pelo amor de Deus! Começo a pensar que parte da nossa sociedade acha que o certo é criança ficar bem longe do resto das pessoas e não mais em parquinhos de prédio. Isso envolve deixar os pais isolados junto. Onde já se viu criança sendo feliz na frente da minha janela num fim de semana ao entardecer? Que vão para um parque ou uma praça bem longe de mim.

Esse pensamento acaba isolando pais e crianças. Igual a discussão que vi no Twitter ano passado, sobre pais que levam seus filhos a bares. Na ocasião fui correndo opinar: lugar de criança é em qualquer lugar que os pais quiserem. Eu levo meu filho ao bar desde a barriga. Mas aparentemente muita gente se incomoda com a presença dos pequenos. Deveriam repensar sua atitude e lembrar que criança é gente e tem direito de estar onde os pais estão. É preciso resistir todos os dias para não ficarmos isolados em casa com nossos bebês, como essa gente espera.


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