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A sobrecarga da maternidade atípica


11/set/2023 | Anielle Casagrande |

Sempre que eu lia sobre maternidade atípica eu me sentia pouco ou nada representada. Minhas dificuldades como mãe autista não tinham nada em comum com as de mães de crianças autistas. Nunca precisei batalhar por inclusão na escola (infelizmente, tive o diagnóstico já adulta), ou por tratamento, e nada sabia sobre as terapias. Tudo mudou quando meu filho entrou no processo de diagnóstico no começo do ano. 

Uma coisa que senti já na primeira consulta dele é que estou entrando numa batalha e preciso ser muito forte, tirando forças nem sei de onde. Por sorte, muitas outras mães já passaram por isso e estavam disponíveis para me dar dicas e contar seus relatos. Hoje me sinto sim parte da comunidade de mães atípicas, e mesmo que meu filho não tenha o diagnóstico, tenho uma série de dificuldades ao maternar devido ao meu autismo. Diferentes da maioria, mas tenho.

O diagnóstico é a primeira batalha. Dá vontade de arrancar os cabelos a cada sessão com a psiquiatra infantil e são muitos medos. Depois vem a ida à escola e torcer para que ele não sofra bullying, não sofra castigos, não morda ninguém num ataque de raiva, tenha sua seletividade alimentar respeitada. Tem também a batalha das terapias, que são de difícil acesso e precisa ficar em mim para conferir se não estão usando recompensas com comida ou métodos de ignorar a criança ou simplesmente tratando mal. E se ele chorar, como será que vão acolher? Eu estou cansada e irritada, porque isso tudo apenas se somou a todas dificuldades que eu já tenho na minha vida como mãe e pessoa autista grau dois.

As mães atípicas têm todas as dificuldades da maternidade somadas aos perrengues da maternidade atípica. É medo, dúvida e FORÇA que não acaba mais. Parece pouca coisa para você?


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