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Cidadania italiana – primeiros passos: buscando documentos


02/set/2021 | Anielle Casagrande | # #

Comecei a procurar formas de morar na Europa e a que mais me chamou atenção foi a cidadania italiana. Cheguei a perder meu tempo com o processo da cidadania polonesa para meu marido, e só após tudo pago e muitas buscas feita por mim, o procurador me informou que eu não teria direito porque não é uma cidadania que passa por casamento, só por sangue. Enfim, foquei mesmo na italiana por via materna (judicial). Antes de qualquer coisa, eu sabia que precisava reunir os documentos.

Fui criada em colônia italiana e acredito que só quem passou por isso entende o nível de pertencimento que sentimos com tudo relacionado à Itália. Foi assim que comecei o processo de pesquisas sozinha para cidadania italiana, totalmente sem assessoria. Mandei e recebi mensagens por whatsapp para parentes, fui ao cemitério investigar as datas nas placas e tudo mais. Comecei a escrever tudo num bloco de notas virtual para me organizar e postar todas etapas no instagram. Também recebi emails muito legais de órgaos de pesquisa histórica sobre imigracao no Paraná e me emocionei lendo o livro “O Bairro Que Chegou Num Navio” sobre Santa Felicidade, em Curitiba. Assim cheguei a uma lista de pessoas desde o italiano até mim, com os nomes de todos cônjuges e algumas datas de nascimento, casamento e óbito.

Mandei emails para a diocese de Vicenza e diversas “prefeituras” (comune) e dei sorte de receber por carta alguns documentos vindos diretamente da Itália. Um deles custou sozinho mil reais, mas tudo bem. Tudo isso após buscas em sites italianos e brasileiros de lista de imigrantes, listas de pessoas em navios e hospedarias, listas de quem lutou em guerras etc etc etc. Foram meses de buscas e sem falar uma única palavra em italiano até descobrir pra quem pedir os documentos na Itália! Sorte que estava grávida e entediada presa em casa numa pandemia. Assim cheguei aos documentos italianos (certidão de nascimento).

Tendo em mãos nomes e algumas datas que coletei com familiares por whatsapp e no cemitério, comecei as buscas no familysearch. Virei uma grande especialista, na verdade, ajudando muita gente e até postando e traduzindo conteúdos, pois falo 5 línguas. Muitas buscas fiz por imagens: às vezes eram 2000 imagens e eu olhei uma a uma até encontrar o que precisava, sabendo apenas a data ou nome da pessoa. Ajudei MUITA gente e tenho orgulho de dizer isso. Assim confirmei quem era filho de quem, neto, datas e o mais importante, em que cidade e cartório cada documento estava. 

Até essa etapa eu levei uns 5 meses, mas confesso que fiz bem lentamente e curtindo as pesquisas. Também demorei porque fiquei ajudando pessoas e buscando sobre a família do meu marido por curiosidade. Se tivesse mandando direto os emails para os cartórios solicitando as buscas poderia ter sido mais rápido, mas achei mais seguro ter certeza das datas, diferentes grafias de cada nome, conteúdo de cada documento e locais, através do familysearch.

Com todos documentos localizados online, comecei a enviar emails para os cartórios. Alguns cobravam para fazer as buscas, outros precisavam de mais informações, outros me ajudaram a procurar documentos tão antigos que só podiam estar aqui ou ali, afinal aquele cartório não existia na época daquele documento etc. Foram fortes emoções mas confesso que me diverti muito nessa etapa de buscas. Foram ao todo uns 5 ou 6 cartórios e até uma procuração no nome da minha vó precisei fazer, para emitir alguns documentos dela em outro estado. Assim em apenas 2 meses obtive todos os documentos para minha cidadania italiana! Gastei uns 1500 reais nisso.

Observação: nós respeitamos o distanciamento. Não fui a nenhum cartório. Paguei para uma empresa coletar os documentos pra mim (inclusive e metade que estava em outro estado) e vir coletar minha assinatura para reconhecer firma em casa. A única vez que saí foi no cemitério, que estava totalmente vazio numa terça-feira fria de julho. Se não fosse a pandemia teria sido uma bela road trip pelo interior do Paraná e Santa Catarina!

Confira neste post a segunda parte: apostilamento e tradução.

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