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O fracasso em forma de estrela


13/mar/2024 | Anielle Casagrande |

Estávamos em um grupo de crianças quando tirei o pacote de biscoitos em forma de estrela da mala e servi pro Nicolas. Ele estava numa semana daquelas em que ele não come nada e reclama de “dor de barriga” (fome). Vendo que seu filho estava muito interessado no biscoito, outra mãe me perguntou se aquilo era saudável. Várias ideias loucas passaram pela minha cabeça: fiquei na dúvida entre cavar um buraco pra me esconder e sair correndo. “É óbvio que não é saudável”, eu disse com um sorriso amarelo. 

Não entrei em detalhes sobre a seletividade e recusa alimentar do Nico, nem mencionei que ele está perdendo peso desde janeiro de 2023 (atualmente já são 14 meses perdendo peso); achei melhor dizer que ele gosta do biscoito e pronto. Porque se eu explico que ele fica 5 dias sem comer e chora de fome (principalmente de madrugada, e por isso ninguém dorme), logo as pessoas começam com as dicas e eu não aguento mais. “Já tentou biscoito caseiro?”, “já tentou deixar sem biscoito?”, “já tentou blablabla…” Já, já sim, você não acreditaria se eu contasse que estou há dois ANOS tentando de tudo.

Minha vontade é de arrancar os cabelos quando preciso oferecer nuggets e biscoitos de pacote pro meu filho. Inclusive quando estava grávida e procurei uma endocrino para avaliar minha diabetes gestacional, ela ficou impressionada que na minha casa era tudo caseiro, desde o pão, até molhos, requeijão, geleias, iogurtes, sorvetes, macarrão, “hambúrgueres” e bolinhos de legumes, biscoitos, tofus e queijos. Também tínhamos uma horta com legumes e temperos. Talvez essa seja minha maior frustração: o tanto de receitas variadas e coloridas que eu já fiz, ainda faço e queria fazer para ele, enquanto vejo ele recusar tudo e continuar perdendo peso. A sensação é de fracasso.

Atualmente ele come apenas pizza de calabresa de uma única pizzaria, pão puro, banana, maçã, goiaba, nuggets palito da marca Perdigão e macarrão espaguete puro. Ainda apelamos pro biscoito estrela muitas vezes até hoje. Não sem muita culpa, acreditem. Mas no fim eu gosto de pensar que todas as mães estão fazendo o que dá pelos seus filhos, então de alguma forma estamos todas no mesmo barco. 


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