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O adolescente de 3 anos


26/set/2023 | Anielle Casagrande |

Quando estava grávida, lia sobre terrible two (terríveis dois anos) e ficava de cabelo em pé. E foi realmente uma loucura. O bebê de dois anos chora pra entrar no banho, depois chora pra sair. Chora porque o copo é azul e não verde. Chora porque o morango hoje está cortado, e amanhã porque está inteiro. Também foi a época em que ele aprendeu a falar “não qué” (não quero) pra tudo, inclusive para coisas que ele queria. Eu mal imaginava o que viria a seguir: o threenager (adolescente de 3 anos). Olha, esse deixa o bebê de dois anos no chinelo. 

Nico está com 2 anos e 10 meses e já faz escândalo, com direito a 40 minutos de choradeira ininterrupta, porque quer que a gente deixe ele dirigir sozinho o carro. Ele acha que faz todo sentido a gente dar a chave na mão dele, deixar ele ligar o carro e então sair de perto, para ele poder dirigir em paz. E aí de quem não permitir! Parece um leão, de tão revoltado. Todo mundo em volta fica olhando como se a gente estivesse maltratando a criança, tamanho o escândalo. Socorro! A vontade é cavar um buraco pra me esconder, mas lá vou eu, acolher pela milésima vez em menos de uma hora.

Também teve o dia em que íamos ao shopping comprar o novo livro do Mordisco para ele, mas ele disse que preferia ficar sozinho em seu quarto. Quando tentávamos entrar, ele nos expulsava e batia a porta. Rolamos de rir, filmamos, e no fim conseguimos arrastá-lo até o shopping, mas também ficamos preocupados: parecia mesmo um pequeno adolescente de 3 anos. Que medo do que está por vir, já que oficialmente ele ainda nem completou 3 anos, mas já está sinalizando todas suas vontades.

Ao mesmo tempo que acho lindo vê-lo se expressando e se comunicando cada vez melhor, me dá desespero como algumas de suas exigências são complexas. A gente acolhe, explica mil vezes que não dá pra fazer tudo que ele quer, mas geralmente demora até ele entender e desistir. Pra piorar, nem sempre redirecionar sua atenção funciona bem como antes. Precisamos ser firmes e ao mesmo tempo muito carinhosos e compreensivos: “Você está frustrado? Eu entendo, mas dirigir o carro sozinho é perigoso”. 



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