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Depois da depressão pós-parto


14/out/2023 | Anielle Casagrande |

Conforme o terceiro aniversário do meu filho se aproxima, vai passando um filme na minha cabeça do começo de sua vida. Lembro pouca coisa dos primeiros dias após o parto, e só quando olho as fotos. Mas se tem uma coisa que nunca me esqueci foi o desespero e a angústia para que aquilo passasse logo. Nem sei o que escorria mais, se era sangue, leite ou lágrima.

Não dá pra dizer que aproveitei seus primeiros meses. Além de não ter um diagnóstico mas ter certeza que tinha algo muito estranho comigo e que limitava minha interação com o bebê, eu também estava enfiada desde o oitavo mês de gravidez em uma depressão terrível pela primeira vez na vida. Os dias eram tristes, escuros e sombrios, inclusive literalmente. Eu desejava que tudo passasse logo, só isso. Eu precisava que o tempo passasse e as coisas se ajeitassem. Me sentia presa num loop horrível e tedioso que se resumia a fralda – leite – fralda – leite. E depressão e pandemia, não vamos esquecer.

Agora vejo ele brincando com o chuveirinho no banho pela primeira vez e consigo sentar e ficar meia hora olhando fascinada. Consigo apreciar ficar com ele. Consigo ficar feliz ao fim do dia, porque ele foi pra escola, depois comemos pipoca, vimos Tv, brincamos um monte e logo vamos dormir abraçados. Tenho também certeza que amanhã será outro ótimo dia, em que faremos tudo de novo (e eu vou dormir feliz mais uma vez). Os dias com ele agora são divertidos, e o motivo principal é um só: eu estou bem. 

Quero aproveitar cada minuto ao seu lado sem pressa e sem desejar que tudo passe logo. Gosto de ver ele mostrando a cada dia sua personalidade, palavras novas, muitos sorrisos. Os dias não são mais sombrios e chatos. Ele cresceu e eu, de certa forma, também.


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