Meu filho toma suplementos de vitamina

Precisei de uma boa dose de coragem para contar publicamente que meu bebê toma suplementos de vitamina. Logo após seu primeiro exame de sangue, com um aninho, veio a notícia que sua ferritina e vitamina b12 estavam muito baixas. Na época me senti tão mal que combinei com meu marido de não contar para ninguém, porque a culpa me consumiu por meses. Das surras que levei da maternidade, essa foi uma das maiores em seu primeiro ano. Eu não estava conseguindo fazer ele se alimentar.

Nessa época, meu filho, que comia de tudo no início da introdução alimentar, já apresentava um comecinho de seletividade alimentar, mas que todo mundo dizia que era normal da idade. A gente segue até hoje oferecendo de tudo, mas ele foi comendo cada vez menos. Parou de comer arroz, feijão, lentilha, polenta e todos os legumes. Eu sabia que era ele que estava negando comer, mesmo a gente insistindo e mantendo a variedade, mas mesmo assim senti uma culpa enorme. 

Meu marido nunca sentiu e nunca sequer entendeu a culpa. Afinal eu era a responsável por sua alimentação, enquanto ele cuidava de outras coisas como dar banho, levar pra escola e dar remédio. Sempre gostei de cozinhar, então desde essa época comecei a inventar mil e uma receitas. Se ele demonstrava o mínimo interesse em alguma coisa, eu ia lá e fazia 5 variações pra ver se ele comia. Mas ele não comia. A culpa não era minha, nunca foi. Eu fiz tudo que podia na época: segui oferecendo uma alimentação saudável. Quem não queria comer era ele, e eu nunca forcei. 

Hoje ele tem uma seletividade alimentar grave (avaliada por duas médicas), provavelmente relacionada ao autismo. Inclusive sua seletividade aumentou muito com dois aninhos. Tem dias em que ele não come nada além de ¼ de maçã. Em outros, nem isso. Os exames de sangue continuam ruins, mas dessa vez eu não sinto culpa. Sei que há um ano faço tudo que posso e até mais um pouco. E lá vamos nós mandar manipular mais ferro com b12, tudo de novo. A diferença é que agora estou em paz!