Publicidade

Alabama Monroe


28/fev/2014 | Anielle Casagrande | # # # #

alabama-monroe-resenha-2
“Alguns crêem que este passarinho tem uma alma que nunca morre e que sobe aos céus. E que vai reencontrar seus pais e que voará por toda eternidade em um lugar sem janelas onde o sol brilha sempre. Outros crêem que é um mártir na luta contra as janelas. Que depois de sua morte terá dez passarinhas virgens e poderá fazer o que quiser com elas. Mas o papai não acredita em nada disso. Papai acredita que tudo acaba morrendo e fica morto. Mas você não pode dizer isto.”

Se preferir, clique aqui e dê um play no CD oficial do filme para ouvir enquanto lê.

Olhe bem para a capa deste filme. Olhe novamente. Muita fofura, casalzinho apaixonado, certo? Aí que você se engana! Olhe as notas em qualquer site sobre cinema, seja ele votado por críticos de cinema, seja por visitantes. Você verá que a nota varia de 4 a 9,5.

Eu definiria este filme como uma montanha-russa. Você vai assistindo uma (nada suave) combinação de cenas muito meigas e felizes com cenas muito tristes e chocantes. Digamos que não tem preenchimento de espaços vazios nesse filme com cenas bobas. Todas as cenas são emocionantes. Isso pode irritar alguns, que não suportam o contraste do que vêem. Então porque gostei tanto deste filme e até me perguntei se ele não ganharia de A Caça o Oscar de melhor filme estrangeiro? Bem, ele pode ser uma montanha-russa. Mas é uma versão muito incrível e bem feita de montanha-russa!

Logo de cara percebemos que o filme tem uma ótima trilha sonora. Como se não bastasse, o casal faz parte de uma divertidíssima banda de bluegrass, que está presente em todos os momentos, sejam tristes, sejam felizes. A vida deles é inundada pela música o tempo todo nos shows, em casa ou até mesmo no estilo do casamento super folk deles em um boteco. Além disso, este filme tem MUITAS cenas quentes de sexo, que nos permitem olhar mais de perto a intimidade e a alma daquele casal a partir do momento em que se conhecem. Falando neles, os atores são extremamente cativantes. Não tem como se derreter em algumas cenas e mesmo tentar entendê-los em outras. Mesmo ele parecendo mais um bruto lenhador, com aquela barba de dar inveja a muitos moderninhos, aos poucos ele se revela a metade mais amorosa e afetuosa do casal, mas ao mesmo tempo a mais instável. Já que estamos falando de aparência, o que falar sobre esta moça toda tatuada? UAU! Vale lembrar que o filme é baseado em uma peça de teatro escrita pelo ator que interpreta o homem, que por sinal aprendeu a tocar banjo para interpretá-lo.

Assim como tudo na vida, há as cenas difíceis de engolir intercaladas entre as cenas felizes. Estas cenas não poderiam ser mais tristes e angustiantes, mas são justamente elas que nos prendem e ajudam a criar ótimos momentos de tensão. É impossível não ficar tenso e emocionado com este filme. São filmes como este que nos lembram que ainda é possível se emocionar com o cinema. De brinde há questionamentos pesados sobre a vida, a morte, a religião e o amor. Além de tudo, a fotografia é encantadora.

Para finalizar: vi algumas pessoas criticando o fanatismo pelos Estados Unidos no filme, inclusive para o próprio diretor. Achei isso de um extremo mau gosto! Mesmo o filme se passando na Bélgica, não é nada difícil parar para pensar em pessoas que moram no Brasil e adotam um estilo “punk inglês”, “rocker americano”, “gótico finlandês” e assim por diante. Qual o problema com o estilo bluegrass americano? Para completar, lembrem que o casal mora no interiorrrr na Bélgica!

Por favor, imploro que vejam pelo menos este trailer. Mesmo que não vejam o filme, dediquem alguns minutinhos para ver que obra de arte:

“Eu queria fazer uma montanha-russa emocional, com momentos em que você acelera e outros em que você vai mais devagar. E, para conseguir esse efeito, eu precisava brincar com o tempo, só assim iria funcionar, diz o diretor. Mas tudo aconteceu enquanto pensávamos nas músicas. Nós fizemos uma seleção de 25 canções e começamos a ensaiá-las e já gravá-las para o filme. Foi ouvindo essas músicas que escrevi a última versão do roteiro, pensando em onde encaixar cada tempo da história. (…) Algumas pessoas gostam de dizer que ele é americano demais. Mas o que eu considero fundamental no cinema belga, uma mistura de humor absurdo e emoção, está em Alabama Monroe.”

alabama-monroe-resenha

b53510d0cb91af6497fc3cc2a5251f2e_jpg_290x478_upscale_q90

Nome: Alabama Monroe / The Broken Circle Breakdown (IMDB)
Gênero: Drama, música, romance. Duração: 111 min.
Países: Bélgica / Holanda. Lançamento: 17/01/2014.
Diretor: Felix Van Groeningen. Roteiristas: Johan Heldenbergh e Mieke Dobbels.
Elenco: Veerle Baetens, Johan Heldenbergh, Nell Cattrysse.

# # # #

Publicidade
^